Os dados tornados públicos esta quinta-feira pelo Eurostat indicam que Portugal registou, no período compreendido entre janeiro e março de 2025, a segunda maior redução na taxa de poupança das famílias entre todos os Estados-Membros da União Europeia para os quais existem dados disponíveis. Durante este trimestre, a taxa de poupança na zona euro situou-se nos 15,2%, enquanto, no conjunto da União Europeia, este indicador fixou-se nos 14,6%.
Portugal destacou-se pelo recuo significativo de 3,0 pontos percentuais em relação ao trimestre imediatamente anterior, evidenciando uma quebra substancial na capacidade de poupança das famílias portuguesas, posicionando-se apenas atrás da Grécia no que toca à maior diminuição registada neste indicador.
Taxa de Poupança das famílias recua em Portugal
Durante os primeiros três meses de 2025, Portugal registou uma diminuição expressiva na taxa de poupança das famílias, destacando-se como o segundo país da União Europeia com a maior redução entre os Estados-Membros para os quais existem dados disponíveis. Esta descida, fixada em 3,0 pontos percentuais face ao trimestre anterior, evidencia uma alteração significativa nos comportamentos financeiros das famílias portuguesas.
A quebra coloca Portugal imediatamente a seguir à Grécia, que apresentou a maior diminuição entre os países analisados, com uma redução de 3,6 pontos percentuais. Também a Áustria registou um decréscimo relevante no mesmo período, com uma queda de 1,7 pontos percentuais na taxa de poupança das famílias, confirmando uma tendência de retração em vários Estados-Membros. Estes dados indicam um contexto económico mais desafiante para os agregados familiares em alguns países da União, nomeadamente no sul e centro da Europa.
Zona euro e UE mantêm tendência estável
Na zona da moeda única europeia, a taxa de poupança das famílias situou-se nos 15,2% durante o primeiro trimestre de 2025, valor ligeiramente inferior ao registado no mesmo período do ano anterior, que foi de 15,3%. Quando comparado com o trimestre imediatamente anterior, houve uma ligeira subida de 0,1 pontos percentuais, dado que a taxa se encontrava nos 15,1% no quarto trimestre de 2024.
No que diz respeito ao total da União Europeia, a taxa de poupança das famílias fixou-se em 14,6% no primeiro trimestre do ano, registando um crescimento face aos 14,4% observados no primeiro trimestre do ano anterior. Este valor também representa um aumento quando comparado com o trimestre precedente, evidenciando uma tendência positiva no indicador a nível europeu.
Diferenças entre Estados-Membros
Entre os Estados-Membros da União Europeia para os quais estão disponíveis dados relativos à taxa de poupança das famílias, sete países registaram um aumento nesta taxa durante o primeiro trimestre de 2025, enquanto oito nações verificaram uma diminuição.
A Hungria destacou-se como o país com a maior subida trimestral, apresentando uma subida significativa de 1,6 pontos percentuais. Seguiram-se a Bélgica e os Países Baixos, que registaram ambos um incremento de 0,7 pontos percentuais na taxa de poupança, e a Dinamarca, que também apresentou uma subida, embora ligeiramente inferior, de 0,6 pontos percentuais. Estes valores indicam variações importantes no comportamento económico das famílias nos diferentes países europeus durante este período.
Consumo privado em queda
No período compreendido entre janeiro e março de 2025, o consumo privado registou uma diminuição de 0,2% na zona euro, representando uma queda face ao crescimento de 0,6% observado no mesmo trimestre do ano anterior, bem como uma redução em comparação com os 0,4% que tinham sido registados no quarto trimestre de 2024. Esta variação sinaliza uma desaceleração no comportamento de consumo das famílias na área da moeda única.
Relativamente à União Europeia como um todo, o consumo privado por habitante também sofreu uma contração, com uma descida de 0,3% no primeiro trimestre de 2025. Esta queda contrasta com o aumento de 0,7% que tinha sido registado no mesmo período do ano anterior e também com a subida de 0,4% verificada no último trimestre de 2024, revelando uma mudança no padrão de consumo dos cidadãos europeus durante este trimestre.
Rendimento das famílias também desce
No que concerne ao rendimento ‘per capita’ das famílias, a zona euro registou uma ligeira diminuição de 0,1% entre janeiro e março de 2025, revertendo assim a tendência positiva observada nos períodos anteriores. No primeiro trimestre de 2024, este indicador tinha crescido de forma significativa, com um aumento de 1,1%, enquanto no último trimestre desse mesmo ano registou-se uma subida mais moderada, de 0,2%. Esta alteração representa uma inversão no padrão de crescimento do rendimento disponível para as famílias naquela região, sinalizando possíveis dificuldades económicas que podem estar a impactar o poder de compra e o equilíbrio financeiro dos agregados familiares.
Esta mesma evolução negativa foi registada no conjunto da União Europeia, onde o rendimento privado das famílias também sofreu uma queda de 0,1% no primeiro trimestre de 2025. Esta descida interrompeu o ciclo de crescimento que se tinha mantido por dois trimestres consecutivos, destacando uma alteração significativa no comportamento dos rendimentos familiares ao longo deste período. A quebra evidencia um cenário económico mais desfavorável, que pode estar relacionado com fatores macroeconómicos que afetam a estabilidade e a capacidade financeira das famílias em toda a União Europeia.
Conclusão
A análise detalhada dos dados divulgados pelo Eurostat revela um quadro preocupante relativamente à poupança das famílias portuguesas durante o primeiro trimestre de 2025, uma vez que se registou uma quebra significativa neste indicador. Esta redução expressiva na taxa de poupança reflete os diversos desafios económicos e financeiros que o país enfrenta atualmente, incluindo pressões inflacionárias, aumento do custo de vida e possíveis restrições ao acesso ao crédito.
A diminuição da poupança pode ter um impacto direto e negativo no consumo interno e nos níveis de investimento das famílias, fatores essenciais para sustentar o crescimento económico nacional. Além disso, esta situação pode comprometer a estabilidade financeira das famílias portuguesas, reduzindo a sua capacidade de fazer face a imprevistos e a choques económicos futuros.
Perante este contexto, torna-se fundamental que sejam implementadas políticas e medidas que promovam a recuperação do poder de compra das famílias, incentivando simultaneamente a poupança de forma sustentável. Estas ações são essenciais para fortalecer a resiliência económica do país e assegurar uma base sólida que permita enfrentar desafios económicos que possam surgir a médio e longo prazo.