exportações crescem - efacont

O desequilíbrio registado na balança comercial de bens acentuou-se significativamente, com um agravamento de 935 milhões de euros quando comparado com o mesmo mês do ano anterior. Este aumento do défice resulta da diferença entre o valor das importações e o das exportações de bens, que se tornou mais desfavorável para a economia nacional.

Em particular, as trocas comerciais de combustíveis e lubrificantes tiveram um impacto relevante neste agravamento, ao apresentarem quebras consideráveis. As variações negativas nestas categorias rondaram os 30%, afectando tanto o lado das importações como o das exportações. No caso das importações, esta redução reflecte-se numa menor entrada destes produtos no território nacional, enquanto no que toca às exportações, evidencia-se uma diminuição significativa do volume e valor vendido ao exterior, contribuindo para o aumento do défice comercial.

Exportações cresceram 2,5% em maio de 2025, mas défice comercial continua a aumentar

Em maio de 2025, as exportações de bens por parte de Portugal registaram uma subida de 2,5% quando comparadas com o mesmo mês do ano anterior. Este aumento revela um desempenho positivo, mas moderado, das vendas ao exterior. No entanto, este crescimento foi claramente ultrapassado pela evolução das importações, que evidenciaram um aumento mais expressivo de 12,1% em termos homólogos. Os dados constam do boletim estatístico divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na quinta-feira.

A discrepância entre o ritmo de crescimento das exportações e o acréscimo bastante superior das importações contribuiu para o agravamento do saldo negativo da balança comercial de bens. Este desequilíbrio comercial reflecte-se num défice que atingiu os 3.217 milhões de euros, o que representa um aumento de 935 milhões de euros face ao montante verificado em maio de 2024. Esta evolução desfavorável evidencia uma maior dependência do exterior para o abastecimento de bens, não compensada pelo desempenho das exportações nacionais.

Exportações de bens de capital e transportes em destaque

Entre os diversos grupos de bens exportados, o Instituto Nacional de Estatística (INE) destacou o papel particularmente relevante das máquinas e de outros equipamentos de capital fixo, que registaram um acréscimo de 13,7% face ao mesmo mês do ano anterior. Este desempenho positivo ficou a dever-se, em grande medida, ao aumento das vendas para dois dos principais destinos das exportações portuguesas: Espanha e Alemanha. O dinamismo destes mercados contribuiu para impulsionar significativamente esta categoria de produtos.

Também o segmento do material de transporte apresentou sinais de crescimento consistente, tendo verificado uma subida de 11,3% em termos homólogos. Este resultado evidencia a robustez da procura externa neste tipo de bens e reforça a importância estratégica do setor no conjunto das exportações nacionais.

Em sentido oposto, as exportações de combustíveis e lubrificantes registaram uma quebra acentuada, com uma variação negativa de 31,6%. Esta redução teve particular expressão nas transações com os Estados Unidos, um dos principais mercados de destino desta categoria. O recuo deveu-se tanto a uma diminuição no volume exportado, que baixou 14,5%, como à descida dos preços médios praticados, que encolheram 20,1%, o que agravou o impacto global da queda nesta componente do comércio externo.

Produtos químicos e transportes impulsionam importações

No que se refere às importações realizadas por Portugal em maio de 2025, os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE evidenciam um contributo significativo por parte de duas categorias de produtos que registaram aumentos expressivos: os fornecimentos industriais e o material de transporte. No grupo dos fornecimentos industriais, destacaram-se particularmente os produtos químicos, que assumiram um papel central na subida das importações totais. Também o aumento nas aquisições de material de transporte teve um peso relevante, refletindo uma procura acrescida por este tipo de bens por parte do setor produtivo e comercial nacional.

Em contraciclo, as importações de combustíveis e lubrificantes registaram uma queda considerável, fixando-se nos 28,1% em termos homólogos. Esta redução foi especialmente notória no caso dos óleos brutos de petróleo, que representam uma parte substancial desta categoria de produtos. A quebra verificada ficou, em larga medida, associada à redução dos preços médios de importação, que recuaram 27,7% relativamente ao período homólogo. No entanto, em termos de volume importado, a diminuição foi muito menos acentuada, tendo-se registado apenas uma variação negativa de 0,5%. Tal evolução demonstra que a contração verificada resultou essencialmente de fatores de preço e não de uma redução significativa na quantidade comprada.

Um grande porto de contêineres ao anoitecer, com contêineres empilhados em várias cores, um caminhão branco com um reboque amarelo e guindastes vermelhos imponentes descarregando contêineres. As luzes iluminam a cena industrial enquanto as exportações crescem sob um céu nublado. - Efacont

Impacto dos combustíveis no défice comercial

Segundo os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os combustíveis e lubrificantes tiveram um peso de 12,8% no défice da balança comercial de bens registado em maio de 2025. Este contributo percentual revela uma ligeira diminuição face aos 12,9% observados no mês anterior, abril de 2025, e uma redução bastante mais significativa quando comparado com os 24% registados em maio de 2024. Esta descida evidencia uma menor influência relativa deste grupo de produtos no agravamento do saldo negativo da balança comercial, ainda que continue a ter um impacto relevante no total das transações comerciais do país.

Ao eliminar o impacto específico dos combustíveis e lubrificantes, o défice da balança comercial de bens atingiu os 2.805 milhões de euros no mês de maio de 2025. Este valor representa um aumento de 1.071 milhões de euros em comparação com o mesmo mês do ano anterior, maio de 2024, e uma subida de 187 milhões face ao valor verificado em abril de 2025. Os números revelam, por conseguinte, que mesmo sem o efeito dos combustíveis e lubrificantes, o desequilíbrio entre exportações e importações manteve uma trajetória de agravamento, refletindo pressões estruturais nas transações comerciais portuguesas.

Variação mensal mostra recuperação das exportações

Considerando a variação em cadeia, ou seja, face ao mês imediatamente anterior, as exportações portuguesas de bens evidenciaram um desempenho francamente positivo no mês de maio de 2025. O crescimento mensal situou-se nos 8,7%, o que representa uma recuperação acentuada em comparação com o recuo de 5,2% observado em abril. Este comportamento demonstra uma inversão clara da tendência de contração registada no mês anterior, sugerindo uma retoma da atividade exportadora nacional no início do segundo trimestre do ano.

No que diz respeito às importações, também se registou um acréscimo relevante durante o mesmo período. As compras de bens ao exterior aumentaram 8,2% em maio, reforçando o ritmo de crescimento iniciado em abril, quando se tinha verificado uma variação positiva mais moderada de 1,7%. A conjugação destes dois movimentos aponta para uma intensificação do comércio internacional português no final da primavera, com aumentos significativos tanto nas entradas como nas saídas de mercadorias.

Balanço acumulado dos primeiros cinco meses de 2025

Nos primeiros cinco meses de 2025, o desempenho das exportações portuguesas de bens revelou um crescimento de 3,7% em termos homólogos, evidenciando uma recuperação face ao mesmo período do ano anterior, em que se tinha verificado uma ligeira contração de 0,4%. Este crescimento positivo sugere um reforço da procura externa pelos produtos nacionais, ainda que o ritmo de expansão se mantenha moderado face à evolução das importações.

No que se refere às importações, o aumento foi mais expressivo, situando-se nos 7% entre janeiro e maio deste ano. Este valor contrasta com a quebra de 1,5% observada no mesmo intervalo temporal de 2024, refletindo uma maior dinâmica na procura interna por bens oriundos do estrangeiro. O alargamento da base de produtos importados, impulsionado por diversos segmentos industriais e de consumo, contribuiu para este aumento substancial.

A conjugação destes dois movimentos, com as importações a crescerem a um ritmo mais acelerado do que as exportações, originou um agravamento significativo do défice da balança comercial de bens no acumulado de 2025. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o saldo negativo acumulado entre janeiro e maio atingiu os 12.485 milhões de euros. Este valor representa um aumento de 1.846 milhões de euros em comparação com o montante apurado no mesmo período do ano anterior, confirmando um alargamento da diferença entre as compras e vendas de bens transacionados com o exterior.

Conclusão

Em suma, os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística evidenciam um cenário comercial complexo para Portugal em 2025, marcado por um crescimento das exportações que, embora positivo, não acompanha a velocidade das importações. Este desequilíbrio traduz-se num agravamento do défice da balança comercial de bens, refletindo a maior dependência do país relativamente ao mercado externo para suprimento de bens, em particular nas áreas dos combustíveis e lubrificantes.

O desempenho diferenciado entre setores, com máquinas, equipamentos de capital e material de transporte a impulsionar as exportações, enquanto combustíveis registam quedas significativas, ressalta desafios estruturais e oportunidades de ajustamento na estratégia comercial nacional. Para além disso, a persistência do défice indica a necessidade de medidas orientadas para equilibrar a balança comercial, promovendo o reforço da competitividade das exportações e a diversificação dos mercados, de modo a assegurar uma trajetória sustentável e favorável para a economia portuguesa.