Desde o início de 2025, a conjuntura económica nacional foi caracterizada por sinais de abrandamento e maior incerteza, com impactos visíveis nos indicadores de confiança que, mês após mês, registaram quebras consecutivas. No entanto, os números referentes ao mês de maio apontam para uma recuperação clara, sinalizando uma inversão deste ciclo negativo e revelando uma melhoria no sentimento económico geral.
Mais concretamente, o indicador de confiança dos consumidores registou uma subida expressiva, interrompendo dois meses consecutivos de quedas, o que sugere uma recuperação no otimismo das famílias portuguesas relativamente à sua situação financeira e à evolução da economia do país. Este dado revela que, após um período de maior preocupação e pessimismo, os agregados familiares estão a recuperar alguma confiança quanto ao futuro próximo.
Em paralelo, também o indicador de clima económico, construído com base nas respostas de empresas de diferentes setores de atividade, registou uma evolução favorável. Este indicador registou a segunda subida consecutiva em maio, depois de ter interrompido, em abril, uma sequência de três meses de descidas. Tal evolução indica uma reanimação na perceção das empresas sobre a situação económica nacional, refletindo maior estabilidade e expectativas mais positivas no curto prazo.
Indicador de confiança dos consumidores sobe após dois meses de recuo
Clima económico recupera após três meses de quebras
No que se refere ao indicador de clima económico, desenvolvido a partir das respostas recolhidas junto de empresas pertencentes a diversos setores de atividade, observou-se uma evolução positiva ao longo dos meses de abril e maio.
Este comportamento representa uma inversão na trajetória descendente que se vinha a verificar desde o início do ano, marcada por três meses consecutivos de deterioração. A sequência de dois meses de melhoria sucessiva rompe com o ciclo anterior de recuos e sinaliza uma alteração no sentimento dominante entre os agentes empresariais em relação ao panorama económico nacional.
A recuperação registada neste indicador evidencia um reforço da confiança por parte dos empresários, refletindo uma maior predisposição para encarar o futuro com otimismo.
Esta mudança de perceção pode estar associada a uma estabilização das condições macroeconómicas, a uma redução do impacto de fatores externos adversos ou, ainda, a uma adaptação mais eficaz das empresas ao contexto económico atual. O aumento da confiança manifesta-se numa visão mais positiva sobre a evolução da procura, da produção e do investimento, aspetos fundamentais para a retoma da atividade económica.
Os resultados agora divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que esta melhoria na avaliação do clima económico não é uniforme, mas tende a espelhar um alívio nas incertezas que vinham a condicionar as decisões de gestão e de planeamento estratégico por parte das empresas. Ao revelar sinais de recuperação em diferentes áreas do tecido económico, este indicador aponta para uma retoma gradual da normalidade nas expetativas empresariais, que poderá, a manter-se, influenciar positivamente o desempenho económico do país nos meses seguintes.
Confiança empresarial melhora em vários setores
A análise detalhada por setor de atividade, com base na desagregação dos dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revela que o aumento da confiança empresarial não se limitou a um único segmento, mas estendeu-se de forma abrangente a várias áreas da economia. Destacam-se, de forma particular, os setores dos serviços, da indústria transformadora e da construção e obras públicas, nos quais se registaram subidas expressivas nos respetivos indicadores de confiança.
Este comportamento sugere que as empresas inseridas nestes setores encaram os próximos meses com uma expetativa mais positiva, antecipando um possível aumento da procura, da produção e da atividade económica em geral.
Nos serviços, o crescimento da confiança poderá estar associado a uma recuperação da atividade turística, a um maior dinamismo nos setores de apoio às empresas ou a uma retoma da procura interna. Já na indústria transformadora, a melhoria das perspetivas pode resultar de uma estabilização das cadeias de abastecimento e de uma maior previsibilidade em relação aos custos de produção.
No setor da construção e obras públicas, o aumento da confiança poderá estar relacionado com o arranque ou aceleração de projetos financiados por fundos comunitários e com uma procura crescente por reabilitação urbana e infraestruturas.
Por outro lado, o setor do comércio surgiu como a única exceção a esta tendência generalizada de recuperação. O indicador de confiança neste setor registou uma diminuição, o que poderá refletir a existência de dificuldades específicas, como variações sazonais na procura, maior sensibilidade a flutuações no poder de compra das famílias, ou preocupações com a estabilidade dos preços e margens de lucro.
Poderá também estar associado a desafios logísticos e operacionais, ou à concorrência acrescida no setor, nomeadamente no comércio eletrónico.
Apesar deste desempenho menos favorável no comércio, o panorama geral permanece positivo, com sinais de retoma evidentes em grande parte dos setores de atividade. Os dados agora divulgados apontam para um contexto de recuperação gradual da confiança empresarial, o que poderá contribuir para uma dinâmica económica mais sólida e sustentada ao longo dos próximos trimestres.
Conclusão
Os dados recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística permitem concluir que, após um início de ano marcado por incertezas e retração da confiança económica, tanto por parte dos consumidores como das empresas, começa a desenhar-se um cenário mais encorajador. A recuperação dos indicadores de confiança em maio representa uma inversão clara da tendência negativa que vinha a verificar-se, refletindo uma melhoria generalizada na perceção do futuro económico. O reforço do otimismo das famílias, aliado à retoma da confiança empresarial em diversos setores, revela sinais consistentes de estabilização e abertura a uma nova fase de crescimento.
Embora persistam desafios, nomeadamente no setor do comércio, o conjunto dos dados aponta para uma progressiva recuperação da atividade económica nacional, sustentada por expectativas mais positivas e por uma maior resiliência dos agentes económicos face ao contexto atual. A manter-se esta evolução favorável, é expectável que os próximos meses sejam marcados por uma dinâmica mais sólida e equilibrada, contribuindo para a consolidação da retoma económica em Portugal.