Setores com redução na criação de empresas
Em sentido contrário ao crescimento observado noutros setores, o setor dos Transportes sofreu a maior redução no número de novas constituições, tendo registado uma diminuição significativa de 731 empresas, o que corresponde a uma queda percentual de 24%. Esta retração foi particularmente marcada nas atividades relacionadas com o transporte de passageiros a pedido, realizadas em veículos com condutor, onde se verificou uma redução bastante expressiva.
O setor do Retalho também apresentou um comportamento negativo, com uma diminuição de 305 constituições, representando uma redução de 10% face ao período homólogo anterior. Paralelamente, os Serviços Gerais registaram uma queda de 200 constituições, equivalente a uma descida de 4,2%. Dentro do sector do Retalho, o segmento alimentar foi o que sofreu a maior retração, com uma quebra de 37%, ou seja, menos 241 constituições. Esta diminuição foi sobretudo sentida no comércio a retalho não especializado, que é realizado por correspondência ou através da internet, e onde predominam produtos alimentares, bebidas e tabaco.
Relativamente aos Serviços Gerais, cerca de metade das suas atividades sofreram uma redução no número de novas empresas, com destaque para as áreas ligadas à Saúde, Desporto e Bem-Estar, que registaram um declínio de 4,4%, correspondendo a 117 constituições a menos, refletindo um cenário de menor dinamismo nestes setores específicos.
Distribuição geográfica da criação de empresas
A nível regional, o maior crescimento na criação de novas empresas verificou-se na região do Oeste e Vale do Tejo, que apresentou um aumento significativo de 9,3%, correspondente a mais 175 constituições face ao período anterior. Esta tendência positiva também foi observada na região Centro, onde se registou um crescimento de 3,9%, equivalente a 146 novas empresas, assim como no Norte do país, que cresceu 2,9%, com mais 286 constituições registadas.
Em contrapartida, as maiores descidas na constituição de empresas foram registadas em três regiões específicas. O Algarve destacou-se pela queda mais acentuada, com uma redução de 6,9%, o que corresponde a menos 138 novas empresas criadas. Seguem-se a Grande Lisboa, onde o número de constituições diminuiu 2,8%, o que equivale a 272 empresas a menos, e a Península de Setúbal, que registou uma descida mais ligeira de 0,9%, com 22 constituições a menos. Estes resultados negativos estão fortemente relacionados com as diminuições observadas no setor dos Transportes, que teve um impacto considerável nestas regiões.
Diminuição dos encerramentos e insolvências
No que concerne aos encerramentos e processos de insolvência, também se observam melhorias significativas. Até ao final do mês de julho de 2025, fecharam as suas portas 5.963 empresas, um valor que representa uma diminuição face ao semestre anterior. Quando se analisa um período mais alargado, abrangendo os últimos 12 meses, o número total de empresas encerradas ascende a 13.478, o que corresponde a uma redução de 14%, ou seja, menos 2.139 encerramentos em comparação com os 12 meses anteriores. Esta descida abrange todos os setores da economia, com especial relevo para o setor do Alojamento e Restauração, que sofreu uma redução bastante expressiva de 20%, traduzida em 355 empresas que cessaram a sua atividade a menos.
No que respeita aos pedidos de insolvência, entre janeiro e julho de 2025 foram registados 1.156 processos iniciados, número que traduz uma diminuição de 8,3 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior, correspondendo a 104 insolvências a menos. Este decréscimo constitui um indicador positivo, sobretudo tendo em conta que os dois anos anteriores tinham registado aumentos consecutivos neste tipo de processos. O setor industrial destacou-se por apresentar a maior queda nos pedidos de insolvência, com uma redução de 30%, o que equivale a menos 108 processos abertos. Dentro deste setor, a Indústria do Têxtil e Moda sobressai por ter registado uma diminuição ainda mais significativa, com uma queda de 45%, ou seja, 100 insolvências a menos.
Conclusão
De forma geral, os dados referentes ao primeiro semestre de 2025 apresentam um panorama encorajador para o tecido empresarial em Portugal. Observa-se um crescimento moderado na constituição de novas empresas, com especial relevância para os setores do imobiliário, da construção, da agricultura e dos serviços de apoio às empresas, que têm desempenhado um papel crucial neste aumento. Ao mesmo tempo, registam-se reduções significativas no número de encerramentos e nos pedidos de insolvência, o que aponta para uma maior estabilidade económica e um aumento da confiança por parte dos agentes económicos. Estes indicadores refletem uma tendência de recuperação progressiva da economia portuguesa, ainda que persistam alguns desafios específicos em determinados setores e regiões, que exigem atenção contínua para assegurar um desenvolvimento sustentável e equilibrado.