Investimento em automação - efacont

A maioria das empresas com atividade em Portugal manifesta a intenção de reforçar de forma significativa o investimento em tecnologias que viabilizem a automatização de tarefas rotineiras e repetitivas, com o objetivo de aumentar a eficiência operacional e reduzir a carga de trabalho manual.

Esta tendência é particularmente visível nas empresas de grande dimensão, que assumem um papel de destaque enquanto principais impulsionadoras deste movimento de transformação digital. Estas organizações revelam maior capacidade financeira e estrutural para implementar soluções tecnológicas avançadas, liderando assim a transição para modelos operacionais mais automatizados. Esta conclusão decorre do Employment Outlook Survey, elaborado pelo ManpowerGroup, o qual se debruça sobre as estratégias que as empresas estão a adotar no âmbito da automação, identifica os setores que se encontram na linha da frente deste processo e aponta as áreas funcionais que apresentam maior probabilidade de serem impactadas pelas mudanças tecnológicas nos próximos anos.

Tendência crescente de investimento em automação

De acordo com os resultados do inquérito realizado para o terceiro trimestre do ano, 61% dos empregadores em território nacional demonstram intenção de reforçar o investimento em tecnologias destinadas à automação de processos e tarefas ao longo dos próximos doze meses. Deste total, 14% indicam que esse reforço será feito de forma significativa, enquanto 47% planeiam um aumento mais moderado. Estes números refletem uma tendência que acompanha de perto a média registada a nível mundial, revelando que as empresas portuguesas se mantêm alinhadas com a dinâmica global no que diz respeito à adoção de soluções de automação.

As empresas de maior dimensão destacam-se como as mais empenhadas em impulsionar esta transformação, com particular destaque para aquelas que empregam mais de 5.000 pessoas, bem como as que contam com entre 1.000 e 5.000 colaboradores. Em ambos os grupos, cerca de dois terços dos empregadores (67%) expressaram a intenção de intensificar o investimento na automatização de operações, demonstrando uma clara predisposição para liderar o avanço tecnológico nas suas estruturas.

Em contraste, as microempresas revelam um posicionamento mais cauteloso, com apenas 45% a indicar que pretendem aumentar o investimento nesta área. Esta diferença, que ultrapassa os 20 pontos percentuais em relação às grandes empresas, evidencia disparidades significativas no ritmo de transformação digital consoante a dimensão das organizações. Já no caso das pequenas empresas, 57% manifestaram essa intenção, ao passo que entre as médias empresas o valor sobe para 65%, sinalizando uma maior aproximação à tendência verificada nas grandes estruturas.

Setores com maior dinamismo na adoção de automação

O relatório destaca que o grau de adoção da automação não é uniforme entre os diferentes setores económicos, refletindo as especificidades, prioridades e níveis de maturidade digital que caracterizam cada indústria. A velocidade com que as empresas avançam na automatização dos seus processos depende, em grande medida, das exigências operacionais, do contexto competitivo e da estrutura tecnológica já existente em cada setor.

Em território nacional, o setor das Tecnologias de Informação assume uma posição de liderança neste domínio, com 81% dos empregadores a indicarem a intenção de intensificar o investimento em automação. Este valor coloca Portugal claramente acima da média global, que se encontra nos 70%, evidenciando uma forte aposta no reforço de capacidades tecnológicas num setor que, por natureza, está na vanguarda da transformação digital.

Também os setores de Finanças e Imobiliário apresentam uma postura proativa, com 72% dos inquiridos a referirem planos concretos de aumentar o investimento nesta área. O setor de Energia e Utilities surge logo a seguir, com 69% dos empregadores a manifestarem a mesma intenção. Estes dados mantêm-se em consonância com as tendências internacionais, onde as médias para estes setores se situam nos 67% e 65%, respetivamente, o que indica que as empresas portuguesas destes ramos estão a acompanhar o ritmo global de modernização e automatização.

Por outro lado, os setores de Bens e Serviços de Consumo (59%) e o da Saúde e Ciências da Vida (56%) também evidenciam intenções relevantes de intensificar o uso de tecnologias automatizadas. Nestes casos, os valores observados em Portugal são semelhantes aos registados à escala global, que apontam para médias de 55% e 56%, respetivamente. Este alinhamento sugere que, ainda que com ritmos distintos, há um esforço comum de evolução digital e de adaptação aos novos modelos operacionais.

Em sentido contrário, há setores que apresentam níveis mais cautelosos em relação ao reforço da automação. A Indústria Pesada e Materiais regista uma taxa de 55%, ligeiramente abaixo da média global de 59%. No setor dos Transportes, Logística e Automóvel, a intenção de investir atinge os 53%, o que representa um desfasamento mais acentuado face à média internacional de 65%. Já no caso dos Serviços de Comunicação, apenas metade das empresas (50%) manifesta intenção de reforçar o investimento nesta área, um valor consideravelmente inferior à média global, que se fixa nos 71%. Estes dados sugerem que alguns setores nacionais enfrentam maiores desafios ou restrições na adoção de soluções automatizadas, seja por razões estruturais, regulatórias ou financeiras.

Áreas profissionais mais afetadas pela automação

O estudo revela que, no contexto português, uma larga maioria dos empregadores ,concretamente 74%, considera que as funções associadas às Tecnologias da Informação e à Gestão de Dados serão as mais sujeitas a mudanças significativas decorrentes da automação ao longo dos próximos cinco anos. Este valor está muito próximo da média global, situada nos 76%, o que indica que Portugal acompanha de forma consistente a tendência internacional quanto ao impacto que se espera nestas áreas altamente tecnológicas e em constante evolução.

As funções de Vendas e Marketing também surgem entre as mais propensas a sofrer alterações, com 69% dos empregadores a anteciparem transformações relevantes, impulsionadas por novas ferramentas digitais, modelos de análise preditiva e automação de campanhas comerciais. As áreas de Operações e Logística apresentam um comportamento semelhante, com 67% das empresas a identificarem estas funções como fortemente expostas à automação. Esta perceção está relacionada com a crescente digitalização das cadeias de abastecimento, o uso de sistemas inteligentes de gestão de stocks e a automatização de processos logísticos.

Paralelamente, os empregadores apontam igualmente funções ligadas à Sustentabilidade e Ambiente (66%) como áreas em que a automação deverá provocar transformações substanciais, impulsionadas por exigências regulatórias, inovação tecnológica e novas práticas empresariais orientadas para a eficiência energética e a responsabilidade ambiental. A mesma percentagem é verificada nas funções de Indústria e Produção, evidenciando que também nestes domínios se espera uma alteração profunda dos processos tradicionais.

Contudo, no caso específico da Indústria e Produção, importa destacar a diferença entre os dados nacionais (66%) e os valores registados a nível global (71%). Este desfasamento poderá refletir um grau inferior de maturidade tecnológica na indústria portuguesa ou eventuais limitações estruturais e financeiras que condicionam a adoção de soluções automatizadas. No panorama global, estas funções ocupam o segundo lugar entre as mais impactadas, o que reforça a ideia de que, em Portugal, o setor industrial ainda se encontra num estágio menos avançado de transformação digital.

Uma pessoa segura um tablet que exibe um modelo 3D detalhado de um satélite. No fundo desfocado, duas pessoas sentadas em mesas com monitores de computador, refletindo um escritório focado em investimento em automação e inovação. - Efacont

Enquadramento do estudo

O inquérito trimestral conduzido pelo ManpowerGroup contou com a colaboração de mais de 40.600 empregadores, distribuídos por 42 países e territórios diferentes. Esta vasta amostra permitiu reunir um conjunto significativo de dados, proporcionando uma perspetiva alargada e detalhada sobre as tendências e estratégias de automação que as empresas estão a implementar a nível mundial.

Graças a este alcance internacional, o estudo oferece uma análise sólida e representativa do panorama global, identificando padrões comuns e diferenças regionais na forma como as organizações enfrentam os desafios da transformação digital e da automatização dos seus processos operacionais.