Um estudo realizado em conjunto pela Business Round Table (BRT) e pela Informa D&B identificou um total de 396 empresas privadas portuguesas, todas elas controladas por capital nacional, que se destacam pelo seu elevado potencial para fomentar o crescimento económico em Portugal.
Estas empresas, consideradas estratégicas para o desenvolvimento do país, apresentam um volume de negócios conjunto que ronda os 22 mil milhões de euros, o que corresponde a aproximadamente 8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Para além do seu contributo significativo para a economia interna, estas organizações são responsáveis por gerar exportações na ordem dos 4,6 mil milhões de euros, contribuindo assim para a internacionalização da economia portuguesa e para o reforço da presença do país nos mercados externos. Este estudo sublinha a importância destas empresas no panorama económico, evidenciando o seu papel como motores fundamentais para o crescimento sustentado, a criação de emprego e o aumento da competitividade nacional.
Empresas com maior impacto na economia nacional nos setores da indústria e retalho
A análise realizada demonstra que os setores da indústria e do retalho são aqueles que detêm o maior potencial para crescimento futuro dentro da economia portuguesa. Dentro destes setores, sobressai especialmente o segmento alimentar, que engloba a produção, transformação e comercialização de produtos alimentares, assim como o setor da construção, que tem vindo a assumir um papel crescente e relevante. As 396 empresas identificadas neste estudo foram classificadas como “Empresas Adolescentes e Jovens Adultas”, uma designação que reflete o seu estágio de desenvolvimento e capacidade de expansão. Estas organizações apresentam uma faturação que varia entre os 30 e os 150 milhões de euros, revelando já uma dimensão significativa no mercado nacional. Para além do impacto económico, estas empresas são responsáveis pela criação de cerca de 94 mil empregos, contribuindo de forma relevante para o mercado laboral e para a sustentabilidade das comunidades onde estão inseridas.
No período compreendido entre 2019 e 2023, um grupo de 63 destas empresas destacou-se por apresentar uma taxa média anual de crescimento (CAGR) superior a 20%. Este indicador revela uma dinâmica muito positiva e reforça a perspetiva de que estas organizações poderão vir a assumir um papel de liderança no panorama empresarial português, constituindo a próxima geração das grandes empresas nacionais. Este crescimento sustentado sugere que estas empresas estão a consolidar a sua posição competitiva, a expandir a sua quota de mercado e a desenvolver capacidades que lhes permitirão contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento económico do país.
Distribuição geográfica e setorial
A maioria destas empresas está concentrada essencialmente nos setores da indústria, dos grossistas e do retalho, sendo que a indústria alimentar e o setor da construção assumem um papel de maior destaque dentro deste conjunto. Estes setores são reconhecidos pela sua capacidade de gerar valor acrescentado e de responder às necessidades crescentes do mercado nacional e internacional. Do ponto de vista geográfico, verifica-se uma forte concentração destas empresas nas zonas costeiras do país, com o litoral a apresentar a maior densidade de unidades empresariais.
Lisboa destaca-se como o principal núcleo empresarial, acolhendo 98 destas empresas, seguida pela cidade do Porto, que integra 75, e por Braga e Aveiro, com 48 e 41 empresas respetivamente. Apesar desta concentração nas principais áreas metropolitanas e no litoral, estas organizações estão distribuídas por praticamente todos os distritos do território nacional, evidenciando uma presença significativa também em regiões do interior, bem como nos arquipélagos dos Açores e da Madeira. Esta distribuição geográfica ampla reflete a diversidade do tecido empresarial português e a capacidade destas empresas de influenciar o desenvolvimento económico em várias regiões do país.
Desafios de crescimento e competitividade
Teresa Cardoso de Menezes, diretora-geral da Informa D&B, destacou que, em Portugal, um dos maiores obstáculos enfrentados pelas empresas reside na capacidade de atingirem uma escala significativa que lhes permita competir eficazmente tanto no mercado nacional como no internacional. Para identificar as organizações com maior potencial de crescimento e sustentabilidade, foram utilizados critérios rigorosos que avaliam a produtividade, a competitividade e a capacidade de inovação destas empresas, fatores essenciais para atrair investimento e fomentar o desenvolvimento económico.
O estudo revela que o tecido empresarial português é predominantemente constituído por micro, pequenas e médias empresas, sendo relativamente reduzido o número de empresas que conseguem manter um crescimento sólido e consistente ao longo do tempo, ou que logrem ascender a escalões superiores em termos de dimensão e faturação. Entre 2019 e 2023, apenas uma pequena percentagem – cerca de 3,4% – das empresas avaliadas conseguiu subir de escalão, passando a integrar categorias mais elevadas de dimensão empresarial. Além disso, 6,8% destas empresas registaram crescimento sustentado durante cinco anos consecutivos, enquanto apenas 1,3% conseguiram manter esta trajetória de crescimento ao longo de uma década. Estes dados evidenciam os desafios significativos que o empresariado nacional enfrenta para alcançar uma expansão contínua e consolidar a sua posição no mercado.
Apoio às PME de elevado potencial
Carlos Moreira da Silva, presidente da Business Round Table, salientou a importância de Portugal contar com um número mais expressivo de empresas de grande dimensão para fortalecer a economia nacional. Sublinhou que o apoio direcionado às pequenas e médias empresas (PME) que apresentam um elevado potencial de crescimento é essencial para impulsionar a produtividade do país, aumentar a geração de riqueza e, consequentemente, elevar os níveis salariais, contribuindo para um desenvolvimento económico mais equilibrado e sustentável.
A Associação Business Round Table Portugal (BRP) é composta por 43 líderes empresariais que representam diversos setores de atividade, abrangendo várias regiões do país e diferentes fases de desenvolvimento empresarial. Estes líderes, atuando em conjunto, acumulam receitas globais que atingem os 124 mil milhões de euros, sendo 59 mil milhões gerados no território nacional. A associação emprega um total de 424 mil pessoas a nível mundial, das quais cerca de 218 mil são trabalhadores em empresas sediadas em Portugal, demonstrando a significativa contribuição destas organizações para o mercado de trabalho e para a economia portuguesa.
Conclusão
Em suma, o estudo conjunto da Business Round Table e da Informa D&B evidencia a existência de um conjunto significativo de empresas portuguesas com elevado potencial para dinamizar a economia nacional, especialmente nos setores da indústria e do retalho. Estas empresas representam não só uma importante fatia do PIB e das exportações, como também desempenham um papel fundamental na criação de emprego e na inovação. Contudo, o crescimento sustentável e a escalabilidade continuam a ser desafios centrais para o tecido empresarial português, sendo imprescindível reforçar o apoio às PME com maior potencial para que possam atingir dimensões superiores e competir de forma mais eficaz nos mercados globalizados. O investimento estratégico nestas empresas poderá, assim, contribuir decisivamente para o fortalecimento da economia portuguesa, promovendo a geração de riqueza e a melhoria das condições laborais em todo o país.